BLOGS AMIGOS: UM VENTO NA ILHA
As coisas mais simples As coisas mais simples, ouço-as no intervalo do vento Quando um simples bater da chuva nos vidros Rompe o silêncio da noite e o seu ritmo se sobrepõe Ao das palavras. Por vezes, é uma voz cansada que repete Incansavelmente o que a noite ensina a quem vive. De outras vezes, corre, apressada, Atropelando sentidos E frases como se quisese chegar ao fim, Mais depressa do que a madrugada. São coisas simples como a areia que se apanha, E escorre por entre os dedos enquanto Os olhos procuram Uma linha nítida no horizonte Ou são as coisas que subitamente lembramos, Quando o sol emerge num breve rasgão de nuvem. Estas são as coisas que passam quanto o vento fica E são elas que tentamos lembrar, como se as tivéssemos ouvido , E o ruído da chuva nos vidros Não tivesse apagado a sua voz. Nuno Júdice. Fotografias de Sônia Schmorantz