3 de setembro
Ne quidicam sapit qui sibi non sapit
Minha casa está cheia de livros, muitos do tempo da Berenice, a maioria comprada em sebos ao longo do tempo. Nao consigo passar na porta de uma livraria sem entrar nao consigo entrar numa livraria sem comprar pelo menos un livro. Mesmo quando nao tinha onde cair morto, eu comprava livros. Essa atraçao compulsiva acabou criando um problema para mim. Sei que nao precisaria comprar e guardar tantos livros. Além de encontrar tudo quanto é publicaçao na internet ainda possuo CDS con milhares de livros na íntegra- milhares mesmo, só um desses CDS, um à venda no mercado, contém cinco mil títulos, nao há um clássico de ficçao, teatro, história, filosofia que nao esteja incluído nesse compacto, é verdade que junto com muita porcaria famosa. Sempre que vejo os livros empilhados pela casa digo pa mim mesmo que preciso me livrar de metade deles. A idéia é doar pra uma dessas bibliotecas municipais de bairro. Na hora de separar o refugo começo a sofrer dúvidas atrozes. Este livro? Este nao, está autografado, este outro foi escrito por uma mulher; ou é um clássico, ou é um novato começando a carreira, ou entao um injustiçado pela crítica que merece solidariedade, e nao desprezo. Invento sempre um razao para manter o livro comigo. No fim, acabo mandando fazer uma estante nova.
Diário de um fescenino
Rubem Fonseca
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