Balada da Rita
Disseram-me um dia Rita põe-te em guarda
aviso-te, a vida é dura põe-te em guarda
cerra os dois punhos e andou põe-te em guarda
eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou.
Galguei caminhos de ferro (põe-te em guarda)
cerra os dois punhos e andou põe-te em guarda
eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou.
Galguei caminhos de ferro (põe-te em guarda)
palmilhei ruas à fome (põe-te em guarda)
dormi em bancos à chuva (põe-te em guarda)
e a solidão não erre
se ao chamá-la o seu nome
me vai que nem uma luva.
Andei com homens de faca (põe-te em guarda)
dormi em bancos à chuva (põe-te em guarda)
e a solidão não erre
se ao chamá-la o seu nome
me vai que nem uma luva.
Andei com homens de faca (põe-te em guarda)
vivi com homens safados (põe-te em guarda)
morei com homens de briga (põe-te em guarda)
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitados
o coveiro que o diga.
O coveiro que o diga
morei com homens de briga (põe-te em guarda)
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitados
o coveiro que o diga.
O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu para nada.
E um dia de tanto andar (põe-te em guarda)
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu para nada.
E um dia de tanto andar (põe-te em guarda)
eu vi-me exausta e exangue (põe-te em guarda)
entre um berço e um caixão (põe-te em guarda)
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão.
Veio a fama e veio a glória (põe-te em guarda)
entre um berço e um caixão (põe-te em guarda)
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão.
Veio a fama e veio a glória (põe-te em guarda)
Pano-Cru (1978)
Sergio Godinho
Fotografías:
Fotogramas do filme "Kilas o Mau da Fita"
Parte do elenco de "Kilas o Mau da Fita" (1980), reunido 33 anos despois da estrea. Foto:© sicnoticias
A canción Balada dá Rita incluíuse na banda sonora do filme "Kilas, o Mau da Fita", de José da Fonseca e Costa (Caála, Angola – Lisboa, 2015), pero cantada por Lia Gama e tamén por Adelaide Ferreira.
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