Um piano, minha loucura e eu

 Um piano
cogita no silêncio das noites,
arrepia em notas soltas
a desenfreada falésia do desejo.
Ah, estares-me ausente!
Reverbera o saxofone, o teu,
e eu galgando o tempo na lua,
ah amor, cruzo savanas, trópicos e desertos.
E tu comigo, cá dentro, lá fora
amando-me na medida do ritmo
de um jazz cálido e frenético.
Abraço do Índico, o piano
atravessa as fronteiras que nos distam,
recria o sopro do teu sax
no meu corpo.
A boca, as mãos, os teus dentes
no meu lóbulo, o piano
é todo o futuro por vir,
uma pintura quieta como um pomo,
o pêssego que adoça
o som que há no silêncio:


Tânia Tomé



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