FOLHAS NO OUTONO
Mas que sei eu das folhas no Outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra fogueira qualquer.
Mas eu que sei destas manhãs?
as coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha
Ruy Belo
Fotografía de © Emilio Blanco "Milucho"
Comentarios